No começo deste mês a Rede Record me procurou com um verdadeiro desafio: participar de uma entrevista falando sobre “O que dizer para os jovens que querem ser professores mas que não têm qualquer estímulo da sociedade ou da família?”

Nossa!!! Foi quase uma resposta sistêmica do Universo para alguém que quando era pequena ouvia “Você escolha fazer qualquer coisa nessa vida, menos ser professora!!!”.

(Logo eu que adoro dar aula!)

Segue aqui a reportagem e aproveito para fazer algumas considerações com base em algumas conversas e reflexões que tive a partir deste tema:

  • Dê aulas somente se for algo que você realmente gosta de fazer. Nenhuma profissão deveria ser segunda opção ou plano B.

  • Principalmente quando falamos do ensino até o nível médio, é preciso saber o tamanho da responsabilidade que ensinar envolve. Quem forma pessoas, forma a sociedade. Isso é muita coisa! Mas a sociedade não reconhece – o que pode tornar tudo muito pesado. E é preciso estar preparado e consciente disso para poder lidar com a realidade e criar novas possibilidades e caminhos.

  • Escolha ensinar assuntos com os quais se identifique e que gostaria de aprender mais e mais. Ensinamos aquilo que mais queremos e precisamos aprender. Portanto, quanto mais você estiver envolvido no seu tema, mais vai querer estuda-lo e mais vai crescer.

  • É muito mais agradável e viável ensinar em instituições que oferecem duas coisas: reconhecimento financeiro e suporte pedagógico e administrativo. Ambos não são encontrados em qualquer esquina mas é importante saber que existem (no Brasil também) e que elas estão procurando bons profissionais.

  • Como menos pessoas com boa formação de base sequer cogitam serem professoras hoje em dia, há cursos nas faculdades com vagas sobrando (como Geografia, por exemplo). Isso significa que há mercado para bons profissionais. Infelizmente, a qualidade dos professores hoje em dia é muito precária e, portanto, pode-se conseguir melhores colocações em boas instituições se você for realmente dedicado e se movimentar para isso.

  • A realidade financeira da carreira de professor é algo que precisa ser observado. Não acredito que deva ser um impeditivo mas acredito que o profissional precisa tornar-se mais organizado em relação a isso para poder prover-se bem e o salário não ser um impeditivo.

  • Existe sempre, sempre a possibilidade de você ir além. Estudar mais, aplicar para bolsas no exterior, apresentar projetos e usar sua projeção para ganhar mais seja como consultor na área de educação ou mesmo como palestrante. É importante abrir horizontes e isso nenhuma instituição fará por você. É trabalho próprio e autoral. Vislumbre possibilidades, conheça instituições, conviva com pessoas que foram além das salas de aula, conheça projetos diferenciados e vá em frente.

  • Existem pessoas, e eu por sorte conheço algumas, que gostam do desafio de ensinar. Gostam das salas mais difíceis, dos alunos menos disciplinados. São “professores-raiz”, guerreiros mesmo. Se este é seu caso, vá em frente mas vá preparado. Não somente no que vai ensinar mas principalmente COMO vai fazê-lo. A metodologia não é algo valorizado no ensino do professor no Brasil e “correr por fora”  é o diferencial de qualquer profissional.

Resumindo: quando se faz aquilo que viemos para fazer, entregamos muito mais. Isso acontece em qualquer profissão. Preparar-se é fundamental. Estudar é fundamental e lidar com a realidade de maneira madura vão ser fatores determinantes para “ao final” ter valido verdadeiramente à pena.

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