Trabalhar excessivamente precisa deixar de ser um troféu. Simples assim.

Precisamos conversar sobre limites.

Na última semana, publiquei uma série de stories (no instagram @priscilaliske e @claridesenvolvimento) sobre os números nos EUA e no Brasil relacionados a quanto o trabalho está adoecendo e matando os trabalhadores e recebi alguns relatos de pessoas que estavam passando por recuperação de quadros de stress e burnout.

O que mais me impressionou é que, mesmo cientes do seu estado, mesmo sabendo que a quantidade de trabalho que tentavam entregar era muito além da capacidade delas, essas pessoas que me escreveram sentiam-se culpadas e em débito. “Menores” por não entregarem tanto quanto muitos que ainda estão testando seus limites. Lamentavam já terem conseguido “ser melhores”.

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Os relatos e exemplos que dizem que dormir pouco, entregar muito, ser multitarefa (entre outras coisas) são coisas possíveis e que, hoje em dia, se você quiser ter o mínimo, “é assim mesmo, tem que ir além”, têm um impacto nas pessoas que buscam desde ter resultados maiores (como promoções) até quem quer somente preservar-se no emprego e tem muito medo de perdê-lo.

“Será que eu não deveria estar entregando mais? Será que meu chefe espera mais de mim? Aliás, o que será que ele realmente espera de mim?”.

A sensação é de nunca alcançar. Nunca chegar lá. Nunca ser suficiente. E, diante disso, não poder descansar.

E assim, muito desconectadas de si mesmas, as pessoas seguem buscando algo que nem sabem exatamente o que é.

Entenda o que quero dizer:

Não estou aqui defendendo a zona de conforto. Deus me livre!

Esforços se justificam. Aquele “sprint” na reta final, aquele esforço para começar ou concluir algo tão esperado e pelo qual se trabalhou tanto, faz parte da vida. Há realmente momentos em que precisamos fazer o 110%, 120%, 200%. Muitas saltos acontecem só quando damos o nosso máximo.

Foto de Unsplash - Braden Collum

Mas, conforme é dito entre os corredores, a vida não é um “Sprint”, e sim uma maratona. Se um corredor tenta correr 42 km em sua velocidade máxima o tempo todo, ele simplesmente “quebra”. Não termina a prova ou termina bem machucado e caminhando muito devagar.

O “impossível” deve ser guardado para momentos especiais.

Mas, como explicar isso para o mundo lá fora, não é mesmo? Como falar sobre isso dentro de uma organização que cobra o máximo o tempo todo, que não enxerga os limites dos colaboradores, que estipula metas impossíveis e comemora quando as mesmas são alcançadas, mesmo tendo metade da equipe (para ser otimista) pendurada no tarja preta?

Primeiro:

Saiba que o principal responsável por reconhecer os seus limites é você mesmo. E quero dar como exemplo o básico:

Você reconhece em seu corpo as sensações de quando ele está com sede, fome, sono ou vontade de ir ao banheiro?

Você atende a essas necessidades básicas quando elas acontecem ou sempre só vai ao banheiro quando está “explodindo”? Come correndo, dorme o mínimo?

Vamos começar por estes pontos básicos. Comece se cuidando por aí.

Segundo:

De que maneira você comunica as suas necessidades? Você é assertivo na comunicação ou adota o perfil “reclamação de canto de boca”?

A maioria das pessoas não questiona com seriedade e assertividade os hábitos e cobranças de seu ambiente de trabalho.

Como você demonstra que não está confortável? Ou prefere não demonstrar?

Terceiro:

Você conhece seus limites de trabalho ou ainda acha que precisa encaixar 3 agendas em uma só?

Tem muita gente sobrecarregada que simplesmente não expõe a situação de maneira aberta à empresa e às lideranças. Simplesmente se submete porque acha que a gestão sabe que a pessoa está sobrecarregada e realmente quer que seja assim.

Muitos gestores não têm a menor ideia do que realmente acontece às suas equipes. Não estão atentos a sinais básicos de que algo vai mal e de que as tarefas estão mal distribuídas ou excedendo a capacidade das pessoas.

Foto de Toa Heftiba em Unsplash

Pessoas: comuniquem-se. Contem sua história, sua verdade e conversem de maneira adulta sobre alternativas. Pode ser que isso não surta efeito, mas conversar de maneira tranquila e aberta é, ainda, a melhor alternativa e gera amadurecimento para todas as partes.

Quarto:

Há empresas que realmente cobram muito trabalho e sprints diários de seus colaboradores. Elas selecionam gente disposta a isso e, com sorte, recompensam igualmente. Muita gente acha que, para si, a troca vale à pena e, por um tempo, realmente pode ser que valha.

Mas, caso você esteja em uma dessas organizações e perceba que a troca não está mais sendo benéfica para você, reconheça o momento de mudar.

Algumas empresas já estão se mexendo e treinando os gestores para perceberem os sinais de que os colaboradores não estão bem (A IBM até lançou um programa capaz de fazer isso). Olhar para o próximo e percebê-lo deveria ser algo simples e humano mas com tanta desconexão, é realmente necessário que haja estes tipos de iniciativas.

Enquanto a sua empresa não avança no sentido de olhar e cuidar de maneira diferente das pessoas, que tal você avançar e cuidar de você?

Que tal reconhecer seus limites, entender o que você pode realmente oferecer (e o que não pode) e organizar sua vida profissional para respeitar isso ao máximo possível?

Você não precisa ser o melhor. Você precisa ser o seu melhor e terminar sua corrida bem (porque outras virão).

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Fonte de Pesquisa e inspiração: REVISTA VOCÊ RH fev.mar 2019

Consultor técnico: @Francisco de Assis S.F. – Prof de Educação Física, Consultor de Saúde e Maratonista.

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Sou Priscila Pizzolante Liske – Trabalho educando e desenvolvendo profissionais, líderes e negócios na CLARI DESENVOLVIMENTO.

Acredito que o ambiente de trabalho é um dos mais ricos para nosso desenvolvimento enquanto seres humanos e que, se nos propusermos a crescer realmente, os resultados serão amplos na maioria dos setores de nossas vidas, contribuindo para gerarem sociedades e empresas sustentáveis e inovadoras.

Acompanhe meu trabalho aqui e no instagram – @claridesenvolvimento e @priscilaliske

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